quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Roçadores equilibristas - Barrancos


Já mencionei outras vezes sobre a árdua tarefa de roçar num barranco. Mas já que esse fato significa um momento marcante da vida de um roçador ele merece uma abordagem mais específica.

Imaginem ter de carregar uma máquina de pelo menos uns sete quilos durante umas quatro, cinco horas debaixo de sol. Imaginem ainda que essa máquina faça um tremendo barulho, bem alto e contínuo. E além de barulho ela tenha uma lâmina afiada que quando se encosta em algo ela lhe dê um tranco fazendo com que perca o equilíbrio. Agora imaginem tudo isso com você estando numa área inclinada com três a cinco metros de altura (mais às vezes) tendo de se equilibrar e ainda por cima se movimentando.

Isso é extremamente difícil, eu estou trabalhando como roçador já faz mais de um ano e quando temos de roçar certos barrancos eu sempre me atrapalho todo. Escorrego, me desequilibro, não corto direito; outros companheiros tem uma tremenda prática e se movimentam num barranco com extrema facilidade. Alguns por outro lado mesmo tendo anos de experiência fazem de tudo para escapar de roçar nos barrancos.

Num dia de serviço numa rua ou em algum terreno plano a regra é de sempre manter uma boa distância entre os roçadores, cerca de uns vinte metros de cada um. Porém quando se trata de um barranco de difícil roçagem a coisa muda um pouco. Como esses locais são de difícil locomoção seria desumano deixar vinte metros de barranco para apenas um homem, por isso num barranco essa distância diminui consideravelmente. É muita falta de companheirismo deixar um colega seu se desgastando sozinho.

Roçar me ensinou muito sobre companheirismo, sobre ajudar os outros, sobre união. Qualidades essas que fazem um bom roçador, no barranco ou fora dele.

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