sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Classe consciente, classe lutadora


Muitas pessoas imaginam que os trabalhadores da limpeza pública são pessoas de baixo nível intelectual, higiênico, e moral. Talvez antes de começar a minha história como roçador eu também pensasse assim, é difícil desvincular de nossas idéias esse estereótipo que permeia toda a sociedade.

Porém muito se engana quem assim pensa, muito distante da realidade essa idéia de inferioridade está. Lógico que nem todos podem ser desvinculados dessa idéia, efetivamente alguns membros do grupo podem ser enquadrados no estereótipo acima citado, porém convém lembrar que em qualquer classe trabalhadora existem pessoas que a representem de maneira negativa: existem médicos estupradores, advogados enganadores, engenheiros de fachada, todos dando maus exemplos de suas respectivas áreas profissionais, mas nem por isso esses indivíduos representam a grande maioria de seus colegas de profissão.

Hoje houve uma assembléia da classe trabalhadora e sempre nessas assembléias fico atento aos discursos, aos temas abordados, mas principalmente aos indivíduos. É incrível como sempre me surpreendo com a inteligência e a perspicácia dos trabalhadores, como certas pessoas sem instrução acadêmica, sem cursos de oratória, sem o que comumente se acha necessário para pronunciar-se diante de um grupo, consegue a sua maneira construir um discurso permeado pelas suas experiências e pelas suas observações cotidianas, que sem a menor dúvida deixaria qualquer orador de "boca aberta". E mais do que falar bem, mostra em seu discurso total coerência, demonstra através de palavras simples um total engajamento na luta por melhores condições. Claro que nem todos têm esse grau de entendimento, talvez menos do que eu gostaria que fosse.
Mas dentro de minhas observações o mais interessante é a idade dos trabalhadores conscientes, me parece que a minha geração é mais acomodada, mais complacente com a realidade. Talvez somente com a experiência adquirida com os anos essa nova geração irá se engajar nessa luta. Pelo menos é o que eu espero... ou em que me forço a acreditar.

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